Nataska Pedipaga

Na Tasca Pede e Paga. Quem quer triunfar há que ser primeiro dono de si mesmo, mas respeitar os outros. Tudo tem o seu custo. Este é o meu blog, espelho dos meus pensamentos e retrato das minhas viagens.

quinta-feira, julho 14, 2005

Memória de Elefante

Em tardia idade descobri o gosto pela leitura. O valente sacrifício de enquanto estava no Secundário ser obrigado a ler livros nunca deu grandes frutos - nunca chegava a ler nada.
Foi apenas há uns dois anos que por carolice resolvi ler um livro. Custou, mas até gostei. A partir daí nunca mais perdi o rasto à leitura e sou um simples devorador de páginas.
Há dias foi convidado para o lançamento de um livro. Óptimo, pensei eu, já acabei o último e é uma boa oportunidade de ler algo novo.
O autor do livro (presente na foto) é o Abel Coelho, comandante de aeronaves da SATA Internacional e natural de Moçambique. Desconhecia o seu jeito para as artes, mas já tinha ouvido falar de um outro livro dele ser uma colectânea de cartoons que muito nos fazem rir.
Chegado a casa não esperei pela hora da cama e meti-me a ler o dito livro. No primeiro dia consegui "aviar" uns bons 5 capítulos. Fiquei perplexo pelo que li - não só pela história mas também pela qualidade da escrita.
A história desenrola-se em Moçambique no pós-gerra colonial, na década de 80, entre as cidades e os campos de reeducação, os quais não eram mais do que simples campos de concentração. Um verdadeiro triângulo entre o Raul, a Júlia e a Rosa, que tentam viver num mundo estranho. Mais tarde o Sebastião, o Silva, o Mike e o Hebraímo entram no centro das atenções, e para bem.
É um livro de intriga, e romance. Às vezes parece-me um policial com a sua arte de secretismo. Leva-me a imaginar a acção, que é muito bem descrita, como que um filme da 2ª Guerra. Vejo nele um contraste extremo mas muito agradável. As intrigas e os sentimentos mais simples, as enumerações e a simples descrição, os valores humanos e os atentados à Humanidade, a amizade e o ódio, a paz e a guerra, a prisão e a liberdade. Tudo coisas feitas de forma tão simples que tornam este, para mim, num livro de grande qualidade capaz de nos fazer colar à leitura por horas a fio.
O estilo de escrita é novo para mim mas muito bem conseguido pelo autor, e lembra-me Christopher Polini ou mesmo Dan Brown. Fácil de ler mas complexo com uma capacidade de descrição da acção e do pormenor simplesmente fenomenal.
Parece que já estou a ver um filme.
Os meus parabéns ao Abel, e que o próximo livro venha depressa, já agora um pouco maior. As 200 e muitas páginas dão para poucos dias.
E os Elefantes Não Esquecem.

1 Comments:

At 15:37, Blogger Ju said...

Imprestas livro?!
Gradecida

 

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